quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Quando te tornas mãe...

Quando te tornas mãe...

1.  Percebes que afinal consegues ir trabalhar com menos de 8 horas de sono. Na verdade, consegues ir trabalhar com menos de 4...não seguidas.

2. Consegues passar a tarde no shopping, sair de lá cheia de compras, e sem que nada seja para ti.

3. O teu colo e os teus beijos passam a curar todas as dores.

4. Consegues adormecer em qualquer lado e fazer sonos reparadores de 5 ou 10 minutos.

5. Percebes que mesmo de rastos quando a tua filha está doente não dormes com medo de tudo.

6. Constatas que é delicioso ter alguém a chamar "mamã" (pelo menos no início).

7. Deixas de mandar vir no trânsito com o idiota que vai à tua frente porque tens medo que a tua filha te comece a imitar (bom neste ponto ainda estou a trabalhar, não é fácil!)

8. Aceitas que a tua casa nunca mais estará arrumada e que a tua sala passou a parque de diversões.

9. Passas a saber nome de todos os medicamentos infantis e para que servem.

10. Confirmas que de facto o tempo voa e não consegues perceber como tudo passa a correr (ainda ontem era um bebé recém-nascido).

11. Tens um motivo para sorrir todos os dias (basta ver um sorriso ou ouvir aquele "olá").

12. Passas a ver as tuas séries, ler os teus livros ou dormir sestas, quando dá.

13. Deixas de tomar banhos sossegados. Aliás deixas de fazer muita coisa na casa de banho sossegada (ou sozinha, vá!).

14. Continuas incrédula, mesmo ao fim de quase um ano, em como conseguiste fazer algo tão perfeito, tão bonito, tão teu.

15. Confirmas que aquilo que te diziam do coração bater fora do peito é verdade.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Inspira, expira e não pira.

Quando estamos grávidas toda a gente tem conselhos ou opiniões a respeito disto e daquilo. Parece que a nossa gravidez é do povo e toda a gente tem direito a opinar sobre ela. Mas enganam-se se acham que esta necessidade de dar uma opinião ou partilhar experências termina quando o bebé nasce. Não termina e atrevo-me inclusivamente a dizer que piora...muito! Deixo aqui algumas das coisas que já me disseram nestes 11 meses de vida da minha filha.
Inspira, expira e não pira.

1. "Afinal tens leite"
Pois eu anteriormente da mama esquerda tinha a sair Coca-Cola, e da direita Super Bock, mas entretanto achei que seria melhor mudar para leite, não fosse a miúda começar a ficar com colesterol elevado.
A verdade é só uma, toda as mulheres têm a capacidade de produzir leite. É preciso ter um problema de saúde muito, mas muito grave para que isto não aconteça...mesmo! Pensem assim, até as senhoras de África, muitas vezes quase subnutridas, produzem leite! Se elas conseguem parece-me a mim que nós também seremos capazes, não?

2. "O teu leite é forte, o meu era fraco"
Meus amigos e minhas amigas. NÃO HÁ LEITE FRACO! Eu não sei quantas vezes proferi esta frase nestes 11 meses e se ao início era porque amamentava em exclusivo, agora é porque ainda amamento, o que não é normal (!?!) Entretanto já me fartei de dizer sempre a mesma lenga-lenga. Hoje em dia simplesmente não respondo. Porém, e mais uma vez, não há leite fraco! Há bebés que mamam mais, que demoram mais tempo a mamar, há bebés que mamam menos, que têm que mamar mais vezes, mas o leite não é fraco. E não, o não conseguir tirar leite com a máquina não significa que não se tenha leite. Eu neste momento não consigo tirar leite com a máquina e continua a produzir, a minha filha continua a mamar. O bebé não engordar também não prova que o leite é fraco. Um bebé pode engordar pouco porque simplesmente é dele, um bebé pode engordar menos porque tem preguiça de mamar, cabe-nos a nós oferecer mais vezes a maminha porque, quanto mais vezes o bebé mamar, mais leite vai ser produzido, é um ciclo. Simples. Depois há outra coisa que são os picos de crescimento em que o bebé naturalmente vai querer mamar mais vezes. É normal, faz parte, e não significa que o leite seja fraco ou que se tenha pouco leite.

3. "Tens umas mamas grandes por isso é que produzes muito leite"
Pois...mais uma vez não. A mama não funciona como um "armazém" de leite, mas sim como uma fábrica. Isto significa que a maior parte do leite que o bebé mama numa mamada é produzido na hora e não está armazenado na mama. Mais uma vez, quanto mais o bebé mamar mais leite é produzido. Simples.

4. "A tua filha está muito apegada a ti"
Pois, é verdade. Eu de facto tentei que ela ficasse apegada ao carteiro ou à senhora da confeitaria. Também tentei o mesmo com a vizinha de cima, mas o raio da miúda só quer saber de mim...e do pai, vá! Meus amigos, ela é um bebé. É natural que queira estar comigo, não? Esteve na minha barriga nove meses. Durante vários meses fui eu a sua fonte de alimento. Sou eu e o pai que lhe damos colo quando ela chora, é nos nossos braços que ela adormece. Não é suposto ela estar "apegada" a mim e ao pai? Não é normal?

5. "Dás muito colo"
Dou sim e darei enquanto puder, quiser e a minha filha pedir. É no colo que ela se acalma, é junto a mim que ela está bem. Dar colo só faz bem. Transmite segurança, ajuda-a a desenvolver-se. É assim tão mau dar colo? Em que é que isso pode ser mau?

6. "Ela está com o vício da mama"
Esta frase mata-me! E mata-me principalmente quando é dita por profissionais de saúde.
Mas vamos então desconstruir isto. O que é o "vício"? Segundo o Priberam, estas são algumas das definições de "vício": 
1. Defeito ou imperfeição.
2. Hábito inveterado. = MANIA
4. Dependência do consumo de uma substância (ex.: vício do álcool).


Mamar não é defeito ou imperfeição.Também não é uma mania, parece-me que os bebés são muito novinhos para terem algo assim, e também não me parece que seja uma substância que crie dependência. Ter um vício parece-me algo bastante negativo e mamar é tudo menos isso.
Nunca ouvi dizer que determinado bebé tem o vício do biberão. Enfim, mamar não é vício. Mamar é alimento, conforto, carinho. O bebé mama porque tem fome, porque precisa de se acalmar, adormecer, precisa de mimo e de amor. Como é que a algo tão positivo pode ser associado a um substantivo tão negativo? Não percebo...

Ah e outra coisa, a chupeta é que substitui a mama e não o contrário, ok? Se é normal e socialmente aceite que um bebé use chupeta, porque não é normal que lhe apeteça e que goste de mamar na maminha?

7. "Tão crescida e ainda mama?"
Bom, com esta não me vou alongar. A OMS fala em amamentação em exclusivo até aos 6 meses e depois disso até aos 2 anos de vida do bebé. A minha bebé tem 11 meses e sim, ainda mama e ainda irá mamar até eu e ela acharmos que já não faz mais sentido. A mama é minha, o leite é meu, eu decido, ok?
O mais engraçado é que oiço esta frase quase desde o nascimento dela. Ao início era por só beber leite da maminha e não tomar suplemento ou beber de biberão e agora é porque "supostamente" já é grande demais.

8. "Já dorme a noite toda? O meu/minha filho/a com essa idade dormia 14 horas"
Não meus amigos. A minha bebé não dorme a noite toda. Aliás a maior parte dos bebés não o faz. A minha filha tem 11 meses e já passou por milhentas fases no que toca ao sono e cheira-me que ainda irá passar por outras tantas. Os bebés têm necessidades físicas que os fazem acordar várias vezes. Uma das razões é que eles dormem a maior parte do tempo em sono REM (Rapid Eye Movement). Isto significa que têm um sono muito leve, que vão acordar mais vezes, sendo este um mecanismo para evitar o síndrome de morte súbita (SMSL), que já devem ter ouvido falar. Mas eu como não sou médica e o que sei é do que leio, recomendo a leitura do livro "Socorro! O meu bebé não dorme" da Dra. Clementina Almeida. Ela explica direitinho porque é que assim é e vão finalmente perceber, como eu, que o vosso filho/a que não dorme não é um alien, mas sim o "normal" entre os bebés. Acreditem que depois desta leitura vão deixar de achar que estão a fazer alguma coisa errada.

9. "Ainda dorme com vocês no quarto?"
Sim. A minha filha dorme na caminha dela no nosso quarto. Para nós, e como família, as coisas têm resultado desta forma. Em primeiro lugar é-me mais fácil uma vez que ainda amamento, mas sinceramente, e mesmo que já não o fizesse, acho que não o iria querer de outra forma, pelo menos para já. Ah e mais uma vez a OMS fala em partilha do quarto pelo menos até aos 12 meses do bebé, pois está provado reduz o risco de SMSL. Só vantagens!

10. "Tens que deixar chorar!"
Oi? Como assim deixar chorar? Vocês gostavam de estar desesperados, pedirem ajuda e que toda a gente vos ignorasse? Pior, gostavam de ser ignorados nesse momento de aflição por aqueles que é suposto nos darem carinho e atenção? Acho que a resposta é não, certo?
Os bebés não falam e o choro para eles é a sua forma de comunicação. Eles podem chorar por centenas de razões, vamos ignorar? É o nosso papel confortá-los, acalmá-los, tentar perceber o motivo do choro, dar-lhes carinho e segurança. Deixar chorar um bebé é de uma violência atroz, principalmente quando se trata daqueles treinos loucos de sono. Na minha opinião não vale a pena, não há vantagem nenhuma nisso e ver o nosso bebé desesperado e a sentir-se sozinho...desculpem, mas para mim não dá. Não consigo.

Há ainda mais umas quantas coisas que já me disseram, mas que ficarão para outro texto.
Ser mãe não é fácil, é preciso muita coragem, muita confiança e muita segurança. Hoje em dia estou e sou mais segura nas minhas escolhas, relativamente às questões acima, mas acredito que existam muitas recém-mamãs que acabam por ficar mais confusas, inseguras e a achar que não estão a fazer um bom trabalho, por culpa de mitos e ideias erradas. Um conselho? Leiam, leiam muito. Pesquisem sobre os temas de que têm mais dúvidas e depois façam aquilo que o vosso coração e a vossa intuição mandar. Vocês sabem o que é melhor para vocês, para o vosso bebé e família.

Um beijinho!














substantivo masculino

1. Defeito ou imperfeição.

2. Prática frequente de acto considerado pecaminoso.

3. Tendência para contrariar a moral estabelecida. = DEPRAVAÇÃO, LIBERTINAGEM

4. Hábito inveterado. = MANIA

5. Dependência do consumo de uma substância (ex.: vício do álcool).

6. Erro de ofício.

7. Erro habitual no uso da língua.

8. Mau hábito ou costume que as bestas adquirem. = MANHA

"vicio", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/vicio [consultado em 11-09-2017].


ví·ci·o
(latim vitium, -ii)

substantivo masculino

1. Defeito ou imperfeição.

2. Prática frequente de acto considerado pecaminoso.

3. Tendência para contrariar a moral estabelecida. = DEPRAVAÇÃO, LIBERTINAGEM

4. Hábito inveterado. = MANIA

5. Dependência do consumo de uma substância (ex.: vício do álcool).

6. Erro de ofício.

7. Erro habitual no uso da língua.

8. Mau hábito ou costume que as bestas adquirem. = MANHA

"vício", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/v%C3%ADcio [consultado em 11-09-2017].

ví·ci·o
(latim vitium, -ii)

substantivo masculino

1. Defeito ou imperfeição.

2. Prática frequente de acto considerado pecaminoso.

3. Tendência para contrariar a moral estabelecida. = DEPRAVAÇÃO, LIBERTINAGEM

4. Hábito inveterado. = MANIA

5. Dependência do consumo de uma substância (ex.: vício do álcool).

6. Erro de ofício.

7. Erro habitual no uso da língua.

8. Mau hábito ou costume que as bestas adquirem. = MANHA

"vício", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/v%C3%ADcio [consultado em 11-09-2017].
ví·ci·o
(latim vitium, -ii)

substantivo masculino

1. Defeito ou imperfeição.

2. Prática frequente de acto considerado pecaminoso.

3. Tendência para contrariar a moral estabelecida. = DEPRAVAÇÃO, LIBERTINAGEM

4. Hábito inveterado. = MANIA

5. Dependência do consumo de uma substância (ex.: vício do álcool).

6. Erro de ofício.

7. Erro habitual no uso da língua.

8. Mau hábito ou costume que as bestas adquirem. = MANHA

"vício", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/v%C3%ADcio [consultado em 11-09-2017].

ví·ci·o
(latim vitium, -ii)

substantivo masculino

1. Defeito ou imperfeição.

2. Prática frequente de acto considerado pecaminoso.

3. Tendência para contrariar a moral estabelecida. = DEPRAVAÇÃO, LIBERTINAGEM

4. Hábito inveterado. = MANIA

5. Dependência do consumo de uma substância (ex.: vício do álcool).

6. Erro de ofício.

7. Erro habitual no uso da língua.

8. Mau hábito ou costume que as bestas adquirem. = MANHA

"vício", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/v%C3%ADcio [consultado em 11-09-2017].

sexta-feira, 7 de julho de 2017

A maternidade

O mundo da maternidade divide-se entre quem faz cesarianas e quem faz partos normais, entre quem é seguido no público e no privado.
O mundo da maternidade divide-se entre quem dá de mamar e quem dá leite artificial, entre quem dá papas caseiras e quem dá papas industrializadas.
O mundo da maternidade divide-se entre quem usa toalhetes e quem usa compressas e água, entre quem usa as fraldas de marca e quem compra fraldas de marca branca.
O mundo da maternidade divide-se entre quem deixa os filhos na creche e quem os deixa com os avós, entre quem lava a roupa dos bebés em separado e quem junta a roupa de toda a família.
O mundo da maternidade divide-se entre quem faz co-sleeping, quem deixa o berço no quarto dos pais e quem põe o bebé no seu quarto logo mal nasce.

O mundo da maternidade é isso mesmo, um mundo. Vários estilos, várias dinâmicas, várias opções. Não existem mães e pais perfeitos, escolhas 100% consensuais ou verdades absolutas. O que funciona numa família não funciona noutra, o que funciona para um bebé pode não funcionar para outro. Aceitemos este mundo como ele é: tão diferente numas coisas e tão igual noutras.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

9 meses

Não acredito como o tempo voa e já passaram 9 meses desde que nasceste. Passaste 9 meses na minha barriga, estás há 9 meses cá fora. Mudaste o meu mundo e conquistaste tudo e todos com o teu doce olhar e sorriso contagiante. És a bebé mais fofa, mais querida e bonita de todo o universo! És minha, és nossa, só nossa. Todos os dias anseio pelo teu abraço porque eu dou-te colo, mas na verdade quem me conforta és tu.

Estou a adorar ver-te crescer, explorar, aprender, descobrir o mundo e o teu lugar nele. Estou curiosa com tudo o que aí vem e sinto o coração cheio por tudo o que iremos viver juntas.

Faz hoje 9 meses que sorrio todas as manhãs, e olha, não há birra, noite mal dormida ou choradeira infinita que me faça gostar menos de ti.

Amo-te!

sábado, 27 de maio de 2017

A amamentação #2

Como já referi num outro texto a amamentação para mim não foi uma coisa nada fácil. Comecei a dar de mamar assim que a Mafalda nasceu e digamos que foi uma experiência completamente diferente do que eu achava que iria ser. Em primeiro lugar aquilo doía para caraças! Pareciam agulhas a espetarem-se nos mamilos...era terrível!

Entretanto, os dias foram passando, mas a dor, ao contrário do que me tinham dito, continuava. Eram tão fortes que eu nem conseguia ter o soutien em contacto com o mamilo. Comecei então a pesquisar a respeito da amamentação. Ao início as dores eram apenas no mamilo, julgo que da fricção que a bebé fazia, mas depois passaram para dentro da mama. Todos os fóruns, grupos de FB, etc. enalteciam a amamentação e toda a gente dizia que era mágico, maravilhoso e ali estava eu que detestava amamentar, que tinha dores horríveis e que começava a achar que não iria aguentar nem mais um dia quanto mais até aos 6 meses. Estava quase a desistir!

Decidi, quase obrigada pelo pai da bebé, a ir a uma CAM (Conselheira de Aleitamento Materno) para ver o que se passava. Na minha cabeça eu tinha que estar a fazer alguma coisa mal. Talvez a pega do bebé não fosse a correta, talvez a posição estivesse mal...Vi imensos vídeos no youtube, li imensa coisa, experimentei diversas técnicas, mas nada parecia resultar. Eu tinha que estar a fazer alguma coisa errada.

A CAM viu-me a amamentar, disse que a pega estava perfeita e que não percebia o que se estava a passar. O bebé também estava a engordar bem, estava saudável, não havia razão para eu estar a sofrer tanto. Em conversa com ela expliquei o tipo de dor que sentia: um ardor que vinha de dentro e que não me deixava dormir ou fazer fosse o que fosse após dar de mamar. Ela diagnosticou-me uma candidíase mamária. "O quê?!?", mas como era possível isso acontecer?

O primeiro passo era então tratar a maleita. Como queria evitar tomar químicos, porque essas coisas passam pelo leite, a CAM passou-me uma mezinha caseira que pus logo em prática. Caso funcionasse veria os efeitos em pouco tempo, caso não resultasse teria aí sim que tratar com medicação.  Felizmente funcionou logo e passado dois dias já sentia melhorias. Sentia-me outra! Continuava com dores, mas nada que se comparasse, e passado umas duas semanas estava finalmente bem. Só partir daí, passados quase 3 meses da bebé ter nascido, é que comecei a ter prazer em dar de mamar. Afinal dar de mamar era bom, era ótimo, uma sincronia perfeita!

E aqui estamos, passados quase 8 meses de Mafalda, a amamentar e a gostar. Nunca mais tive dores e consigo finalmente perceber como isto da amamentação é muito bom. Nunca pensei que fosse sofrer tanto, mas a verdade é que deveria ter sido vista por um profissional assim que comecei a reparar que a dor não era normal. Não o fiz e tudo isto se foi arrastando para uma situação intolerável. Agora eu e ela estamos bem e sinto-me feliz por não ter desistido. Talvez por ter passado por tudo isto aproveito cada momento como se fosse único e, muito sinceramente, acho que vou ter saudades quando for altura de deixar de amamentar (e sim, mesmo tendo que acordar 3 ou 4 vezes por noite para o fazer!)

Adoro estar a dar de mamar e olhar para a minha bebé e decorar-lhe todas as feições. Isto não dura para sempre e daqui a nada ela não vai querer maminha ou eu irei fartar-me, não sei. A outra bem dizia que "primeiro estranha-se e depois entranha-se", eu confirmo.

Claro que este percurso não o fiz sozinha. O pai da Mafalda foi o meu pilar, foi o meu porto seguro e a ele agradeço todo o apoio, todos os abraços de consolo quando a dor era insuportável e claro, ter sido persistente e teimoso ao ponto de me obrigar a ir falar com alguém. No curso de preparação para o parto lembro-me que a enfermeira referiu que isto de amamentar é feito a três: o bebé, a mãe e o pai. Todos temos um papel fundamental e esta família é a prova viva disso. :)

 

sexta-feira, 21 de abril de 2017

"Primeiro estranha-se depois entranha-se"

A amamentação é sempre um assunto bastante controverso. Talvez não o seja para quem não tem bebés, mas a partir do momento em que engravidamos e temos um bebé começa a ser um assunto recorrente e que divide opiniões.
Na minha ignorância achei que todas as mulheres amamentavam. Nunca perdi muito tempo a pensar nesse assunto, para mim era algo natural e que fazia parte de todo o processo. Quando comecei as aulas de preparação para o parto percebi que afinal a coisa não era assim tão simples. Há pessoas que não querem amamentar, há pessoas que não conseguem amamentar e há, claro, quem o queira fazer.

Quando a Mafalda nasceu, e quando eu própria me deparei com o desafio que é a amamentação, comecei a perceber que pelos vistos o mundo se divide entre quem amamenta e quem não o faz, o que me parece uma perfeita estupidez. No início para mim não foi fácil, e por isso pesquisei imenso sobre o tema, principalmente em relação à pega do bebé, uma vez que tinha dores insuportáveis a dar de mamar (assunto para um próximo texto). Comecei também a seguir vários grupos de amamentação no Facebook, toda a informação e ajuda era bem-vindas. Fiquei chocada com imensa coisa e aí sim percebi que há mesmo pessoas que acham que uma mãe que não amamenta não é boa mãe. Passei-me! Na altura eu própria estava com dificuldades e parecia que toda a gente à minha volta sabia o que fazer e adorava amamentar. Eu sentia-me a pior mãe do mundo! Todas as mães sabiam instintivamente quando a mama esvaziava e quando era altura de oferecer ao bebé a outra mama, todas sabiam se o bebé estava ou não satisfeito e pasmem-se (!), conseguiam dar de mamar em qualquer lugar e a fazer o que quer que fosse. Já eu não conseguia fazer nada disso, não percebia nada do assunto e tinha imensas dores. Não me imaginava a dar de mamar fora de casa, porque se em casa já era um filme, fora então seria o caos! Sentia-me péssima porque não gostava de amamentar, era um sofrimento. Pensei em desistir. Tudo o que lia, a respeito da amamentação, referia que era essencial que o bebé mamasse até aos 6 meses e eu achava que nem um mês iria aguentar.

Entretanto o tempo foi passando, as dores foram diminuindo e eu e a Mafalda tornámo-nos profissionais nisto da amamentação, uma dupla imbatível. Ela cada vez mamava melhor e eu comecei a sentir-me mais tranquila, menos pressionada, mais segura e confiante.
 Comecei também a perceber que se continuasse a amamentar era ótimo, fossem 6, 8 10 ou mais meses, mas que se não o conseguisse não vinha mal ao mundo. Não era por isso que seria melhor ou pior mãe, não seria por isso que iria amar mais ou menos a minha filha, nem criar mais ou menos laços com ela. Demorei a concluir isto (as hormonas são lixadas!), porque a pressão que fiz sobre mim era tanta, que não imaginava a minha vida e a minha relação com a Mafalda de outra forma. Eu tinha que amamentar! Sei que se calhar para quem está de fora isto possa ser uma estupidez, mas era o que eu sentia todos os dias, sempre que dava de mamar. Hoje em dia continuo a amamentar e adoro fazê-lo. Já chegámos aos 6 meses e espero continuar pelo menos até aos 12. No entanto, sei que se por algum motivo não o conseguir, não serei pior pessoa ou pior mãe.

Uma enfermeira na maternidade, quando ainda "lutava" com isto da amamentação disse-me que amamentar primeiro "estranha-se e depois entranha-se". Na altura não acreditei que isso fosse possível, mas passado 4 meses confirmo que ela tinha razão. Comigo foi assim, acredito que o seja para muita gente,  mas no final o importante é que a mamã e o bebé estejam bem e felizes, seja o leite da mama ou da latinha. <3




domingo, 2 de abril de 2017

O regresso.

Regressei ao trabalho esta semana e posso dizer que não foi fácil. Na verdade, foi duro, muito duro.
Foram 5 meses e 3 semanas em que vivi exclusivamente para a minha filha. As minhas rotinas eram as rotinas dela, os meus dias eram preenchidos por ela e na satisfação das suas necessidades, fossem elas a alimentação, colo ou um miminho bom. E de repente tudo isso termina e sou "sugada" de novo para a vida real.

No primeiro dia saí de casa com os olhos encharcados em lágrimas e uma dor no coração. Ia passar o meu dia sem ela, sete longas horas sem a ver, sem a alimentar, sem a sentir. Custou.
O dia passou tranquilamente, na verdade até tive a sensação de que passou depressa, mas foram vários os momentos em que a tristeza me invadiu o coração e imaginava o que ela estaria a fazer, se estaria a sentir a minha falta. Tive muitas saudades.

No final do dia corri para casa, o meu coração quase explodia de ansiedade de a ver. Abri a porta e lá estava ela ao colo do pai. Olhou para mim com um sorriso que nunca irei esquecer e finalmente senti-me bem. Estava em casa, estava completa.